1a Cronica de Averdui: O caso que resolve todos os casos

Kiohan nunca se cansava de andar por aquele local. Aquela gigantesca metrópole espacial nunca deixava de lhe causar algum fascínio, e parecia sempre ter algo a ser descoberto. De fato, um prato cheio para alguém como o Salarian. E agora, vivendo ali, as coisas tendiam a se tornarem mais e mais fáceis. Era muito mais simples descobrir o que ninguém queria quando se estava a apenas alguns minutos da nascente da informação.

Hoje, no entanto, Kiohan não percorria o local a procura de informações, mas sim a pedido de um velho contato. Não pode deixar de se sentir um pouco curioso por aquele pedido repentino. Só podia significar que precisava de algum tipo de auxílio. Mas o Salarian tentou esvaziar a mente desse tipo de divagações, ao menos até estar frente a frente com Dars.

"Isso será interessante."

Quando por fim chegou ao local indicado para o encontro, primeiro deu uma rápida observada ao redor. Seus sentidos e raciocínio treinados já haviam se adaptado a esquadrinhar detalhadamente todo e qualquer ambiente, fechado ou aberto, pelo qual transitasse. Não só era um mecanismo de defesa, mas também uma ótima oportunidade de encontrar possíveis focos de informação.

Caminhou lentamente até a mesa onde Dars sentava-se, sempre observando ao seu redor, à procura de rostos conhecidos (ou não), que parecessem valer alguma coisa. Até que, por fim, chegou ao local indicado. Fez um aceno cumprimentando o companheiro:

- Dars. - falou, laconicamente.

Dars: - Kiohan.

O salarian retribui o comprimento laconico e faz um gesto para que você se sente na cadeira vaga.

Dars: - Temos muito a discutir.

Você observa o bar, tudo que vê é uma asari solitária em uma das mesas lendo algo em um datapad e um grupo de quatro soldados humanos cujos uniformes você reconhece, são da segurança da Citadel, provavelmente de folga, fora eles só tem o balconista que estava atrás do bar.

Dars: - Espero que tenha acompanhado as eleições. Por que hoje vamos brincar na politica.

Você se recorda de ter escutado nas noticias sobre as eleições na Zakera Ward, aqui na Citadel, pelo que você sabe os dois únicos candidatos relevantes são um turian chamado Joram Talid e um salarian chamado Dagnes.

Dars: - Como sabe, Joram Talid tem uma posição um tanto quanto...polemica. Ele vive dizendo que os humanos estão tentando tomar o controle na Citadel, dizendo que o fato de terem conseguido uma embaixada com tão pouco esforço é prova disto. È claro que é tudo uma completa besteira.

Ele toma um gole da cerveja e enche seu copo.

Dars: - No entanto ele está indo muito bem nas pesquisas, afinal, o Incidente do Relay 314 foi a apenas três anos e ele ta usando aquele mal entendido e a desconfiança dos turians para ascender politicamente. Nosso...cliente. Quer garantir que a situação seja revertida, honestamente não posso culpa-lo, se Joram vencer, vai fazer o possível para tornar a vida dos humanos na Zakera Ward insuportável. Não mexo com politica então não to interessado, por isso to falando com você.

Kiohan senta-se cuidadosamente, já sem tanta preocupação em continuar observando o ambiente. Seus olhos já haviam visto tudo o que havia pra ver e, aparentemente, nada de interessante estava acontecendo ali naquele instante. Assim, o salarian ocupou-se apenas em prestar atenção à conversa de seu interlocutor.

Dars parecia falar bem rápido (até para um salarian), de modo que Kiohan teve de focar toda a sua atenção nas palavras do ser em sua frente. Não chegou a tocar na cerveja, aquilo não o agradava no momento. Sentia, pelas palavras de Dars, que alguma missão interessante estava para ser-lhe apresentada. E isso deixava Kiohan ansioso.

- Sim, tenho acompanhado vagamente o andar das coisas. De fato, a situação é favorável para Joram. - concordou sem muita convicção, uma vez que, na política, um dia poderia ser o suficiente para tudo mudar. Alguém como Kiohan sabia bem disso: uma palavra usada na hora certa poderia mudar todo o cenário político de um local.

Finalmente Dars estava chegando no ponto nodal daquela conversa. Suas últimas palavras fizeram o corpo de Kiohan pulsar de ansiedade:

Dars escreveu:

Não mexo com politica então não to interessado, por isso to falando com você.

- Excelente. Procurou a pessoa certa. Os bastidores da política me fascinam. Terei prazer em atuar neste caso.

Dars entrelaça os dedos e solta um sorriso.

Dars: - Excelente. O trabalho é simples, descubra cada detalhezinho sordido e inconveniente desse turian e transfira para nosso cliente.

Ele aciona a omni tool e mexe um pouco nela.

Dars: - Estou mandando o contato do cliente caso tenha alguma pergunta, ele parece querer se manter anonimo mas já falei sobre você para ele, ele vai pedir uma senha que está junto com o que te passei agora, não vou arriscar falar em voz alta.

Ele se levanta e pega sua mala ao lado da cadeira.

Dars: - Te vejo por aí Kiohan. Divirta-se.

Ele sai do bar, deixando-o a sós com seus pensamentos.

A ansiedade de Kiohan por mais um trabalho era visível. Foi difícil até manter a atenção nas palavras do outro salarian. Após pegar tudo o que Dars explicou, Kiohan o cumprimenta novamente:

- Obrigado, Dars. Até a próxima.

Tão logo seu companheiro vai embora, Kiohan gasta algum tempo se atualizando das informações transmitidas por Dars. Aquele seria um trabalho interessante e, ao que parece, bastante arriscado. Exatamente o tipo de trabalho que fazia a adrenalina percorrer o corpo do salarian.

Agora, no entanto, era preciso traçar um plano de ação. Antes de tudo, precisaria de um modo de se aproximar do alvo sem que sua presença fosse notada. Pra isso, precisaria checar primeiramente a agenda política do indivíduo. Precisaria seguir todos os seus passos daqui pra frente, sempre sem ser notado. Não seria fácil.

"O cara provavelmente estará cercado de gente o tempo inteiro. Contudo, acho muito difícil que solte alguma informação valiosa no meio de uma multidão. É nos momentos de intimidade que preciso pegá-lo."

Um arremedo de sorriso ganha o rosto do salarian. Gostava daqueles desafios. Precisava por em prática um plano plausível. Precisava descobrir, primeiramente, onde vivia o Turian. Sua residência, certamente, seria um local interessante para começar a vasculhar. Pesquisa* em seu Omni tool informações sobre a agenda política de Joram Salid, sua(s) residência(s) e próximos compromissos. Qualquer informação que lhe pudesse dar um norte sobre que atitude tomar, primeiramente.

- O filho da mãe ainda me deixou a conta por pagar... pff! - resmungou enquanto tirava algum dinheiro do bolso e colocava sobre a mesa, antes de sair.

Spoiler:

OFF: Relaxa. Imagina a Omni tool como um smart phone vezes 100 xD o nome OMNI realmente significa uma porrada de funções.

ON

Você vasculha a extra net (tipo a internet, só que interplanetária), encontrar o endereço do turian não é muito dificil visto que ele é uma figura publica, vive no endereço numero 353 no Zakera Ward.

Pelo que você vê ele gosta de andar pelo lugar e conversar com eleitores, todas as fotos que você encontra sempre apresentam Joram acompanhado de um segurança krogan cuja armadura vermelha e simbolo caracteristico denunciam que ele o contratou dos Blood Pack, uma organização de mercenários famosa por recrutar apenas krogans e vorchas, nada além do esperado, já que alguém como Joram Talid deve ter muitos inimigos.

"Interessante..."

É o primeiro pensamento de Kiohan acerca das informações que coletou. O homem parecia realmente preocupado com sua segurança. Aqueles seus "guarda-costas" eram de uma organização bem conhecida. Isso poderia complicar um pouco as coisas, haja visto que seria complicado passar completamente despercebido para os seguranças de Joram Talid.

Contudo, de certa forma, a complexidade da missão só aumentava o desejo de Kiohan. Sendo assim, dirigiu-se para o endereço encontrado no Omni Tool. Planejava ao menos reconhecer o terreno, já que, provavelmente, atuaria bastante naquela área. Ademais, era sempre bom estudar as possíveis fraquezas na segurança do local, nunca se sabe quando precisaria apelar para uma invasão de domicílio para conseguir o que quer, embora esses métodos extremos fossem sempre sua última opção.

- Vamos lá, Joram Talid... vamos ver o que você tem para mim.

E pegou o primeiro transporte que encontrou que o levasse até as proximidades do numero 353 no Zakera Ward.

"Mas que merda... o filho da puta tá bem seguro aqui nesse local"

Por mais que pensasse e montasse cenários em sua mente, Kiohan não conseguia imaginar um modo de romper a segurança e as barreiras daquele local. Não só barreiras físicas, mas a sua própria impossibilidade fisiológica de conseguir alcançar os locais mais elevados da construção. Isso o deixou possesso. Esbarrar em circunstâncias adversas fora de seu controle era sempre uma situação difícil para o orgulhoso salarian.

"Hum... tudo bem. Se isso aqui não vai dar centro, preciso tentar em outras frentes"

Foi quando lembrou de ter lido acerca da área comercial na qual o seu alvo costumava realizar pequenas reuniões políticas com eleitores.

- Parece que já tenho destino... - falou para si mesmo, enquanto dava uma última olhada no local, só para ter certeza de que realmente não havia modo viável e seguro de romper os obstáculos. Xingou baixinho ao perceber que realmente era inútil tentar por enquanto.

"Mas certamente esse maldito aparecerá em algum momento, de saída ou entrando. Conseguirei extrair alguma informação durante esse entra-e-sai, e isso é o que importa. Com o tempo, acharei um modo de entrar aqui. Agora, preciso fazer algo mais concreto...

Sendo assim, teve de aceitar a derrota momentânea, e se contentar em procurar o cara no centro comercial próximo dali.

O zakera ward é bem mais movimentado que aquela area residencial. Lojas de todos os tipos, desde armas até jogos podem ser vistas. Vários paineis holograficos mostravam as noticias da hora e uma quantidade substancialmente variavel de individuos de varias raças andavam pra lá e pra cá.

Você lembra que os pontos de maior interesse são o clube Dark Star e os escritórios da C-Sec que está sediado lá. Por este motivo guardas são bem comuns nesta area, o que faz dela relativamente mais segura que os outros.

Não demora muito até que você veja Joram Talid conversando com um salarian e um turian, o guarda costas krogan estava logo ao lado de braços cruzados, não parecendo exatamente interessado na conversa, nada muito diferente da maioria dos krogans.

Ao aproximar-se um pouco mais você consegue ouvir um pouco da conversa.

Joram: - Nossa estação ta sendo infestada. Os humanos chegaram fazendo guerra e desobedecendo nossas leis e em alguns dias conseguem uma embaixada na Citadel enquanto raças muito mais velhas ainda estão batalhando por uma. Mas com o seu voto, posso acabar com essa postura do Conselho, demandaremos que parem de dar privilégio para os humanos, eles estão recebendo muito sem oferecer nada. Me digam o que eles fizeram de bom desde que chegaram?

Salarian: - Bem...eu gosto da comida deles...

Kiohan não gostava exatamente daquela situação. Ficar escondido como um mendigo, ouvindo sussurros ininteligíveis e pedaços de conversas sem muito sentido. Aquilo fazia seu trabalho parecer menos digno do que realmente era. Contudo, sabia que com o tempo as informações começariam a se encaixar umas nas outras, e os pedaços perdidos de histórias que ouviria começariam a fazer algum sentido, portanto, teve paciência.

E foi pacientemente que ouviu o discurso de Joram acerca dos humanos. O sujeito parecia realmente não gostar deles. Kiohan tentou entender o porquê daquela animosidade, mas não conseguia compreender bem. Em sua mente, parecia que, simplesmente, o homem era ressentido com o rápido crescimento dos humanos. Se era isso, Joram estava mais para uma criança mimada do que para um grande líder.

"Maldito almofadinha...

Contudo, Kiohan não era pago para julgar seus alvos, mas apenas para descobrir o máximo que pudesse sobre eles. Lhe passou pela cabeça tentar uma aproximação, sob disfarce, mas era melhor estudar primeiro a capacidade daqueles seguranças. Não poderia correr o risco de ser descoberto. Não só sua segurança dependia disso, mas a segurança de sua identidade.

Portanto, limitou-se a aproximar-se um pouco mais, o máximo que conseguisse sem risco, a fim de ouvir mais alguma informação útil que pudesse repassar para o contratante.

O segurança era um krogan, o que já significa que ele tem a vantagem em termos de força bruta, a arma nas costas dele parece ser uma escopeta Claymore, do tipo que tem um poder de fogo nada menos que fatal a curto alcance, no entanto a desvantagem da arma é que ela tem duas balas no clipe.

Enquanto se aproxima casualmente e disfarçadamente sem chamar a atenção de ambos.

Joram: - Espero ve-los no dia da eleição.

Ele sai andando e o krogan segue logo ao lado, os dois seguem para o clube Dark Star. O clube parecia lotado, o que poderia facilitar sua infiltração.

"O filho da mãe parece gostar de alguma ostentação..."

Pensava Kiohan, enquanto observava o armamento do segurança de Joram. Qualquer abordagem física estava fora de cogitação, com aquele tipo de cara. O melhor a se fazer no momento era ouvir, ouvir e ouvir, por mais que isso fosse chato. Kiohan sentia-se como se estivesse nadando no vazio, ou perdido no meio do oceano numa noite sem estrelas: não havia direção a seguir, e precisava de um norte seguro.

Sabia que era apenas questão de tempo até que o homem deixasse vazar alguma informação que lhe desse algum ponto de partida, contudo, aquele indivíduo parecia bastante cuidadoso, o que poderia dificultar um pouco mais as coisas.

Foi com um sorriso que Kiohan percebeu o local para onde se dirigia o seu alvo. Um clube, muita gente... ao mesmo tempo em que seria mais fácil infiltrar-se e observar, também dificultaria a aproximação. Contudo, Kiohan guardava a esperança de encontrar um rosto ou dois que também pudessem lhe fornecer informações importantes sobre Joram, e que fossem de mais fácil abordagem.

- Vamos ver o que tem pra mim. - sussurrou enquanto encaminhava-se para a entrada do clube, sempre tomando o cuidado de manter alguma distância de seu alvo, tentando também manter uma postura casual.